“Ninho”: servidor do TRT11 publica livro de poesia
Conheça o processo criativo de Lucas Ribeiro Prado, poeta e bacharel em Direito.
Lucas Ribeiro Prado reside em Manaus desde 2013, quando iniciou suas atividades na Justiça do Trabalho. Antes disso, ele, que é de Varginha (MG), morou alguns anos em Viçosa, período dedicado aos estudos do curso de Direito e à escrita poética.
O início da faculdade foi um momento definitivo: “eu costumava dizer que queria estudar Direito para me tornar poeta, porque muitos poetas que eu conhecia tinham estudado direito. Durante a faculdade, de fato, acredito que estudei mais literatura que Direito. Participei de movimentos artísticos em Viçosa e também do movimento estudantil, onde tive a oportunidade de conhecer grandes nomes da poesia”, diz Lucas.
Entre os nomes que ele destaca como parte de suas referências literárias, o principal é Mário de Andrade, considerado um dos maiores poetas brasileiros por Lucas. “Digo isso porque, além de ser um grande intelectual e pesquisador, ele buscou desenvolver uma escrita típica da nossa terra, mesclando elementos africanos, nordestinos, europeus e indígenas. O modernismo brasileiro ainda precisa ser ‘antropofagocitado’ pelas novas gerações de escritores brasileiros.” Os poetas do simbolismo francês, a exemplo de Rimbaud, Baudelaire, Verlaine e Mallarmé também figuram na lista de referências.
“Além disso, carrego grande influência de Fernando Pessoa, tendo sido um dos primeiros poetas que li mais profundamente. Recentemente tenho buscado conhecer poetas contemporâneos brasileiros e tive a grata surpresa de me deparar com Antonio Cícero, principalmente suas obras filosóficas sobre a estética.”
Servidores públicos e poetas
Lucas também explica como é aliar a escrita poética ao cotidiano na Justiça Trabalhista, e relembra alguns poetas que também se dedicaram ao serviço público. “A escrita é algo do cotidiano, as ideias surgem a todo instante daquilo que vivenciamos, inclusive no ambiente de trabalho. Tivemos grandes poetas servidores públicos, dentre eles Carlos Drummond de Andrade e Mario de Andrade, para citar dois apenas. O que me faz crer que a escrita e a poesia são plenamente conciliáveis com a rotina de trabalho. Em especial, a Justiça do Trabalho tem um elemento bastante inspirador que é o contato com a vida dos trabalhadores que todos os dias vêm em busca de seus direitos.”
Sobre “Ninho”
Para o professor e poeta Saturnino Valladares, autor do prefácio do livro “Ninho”, lançado por Lucas, há dois períodos que estruturam a cronologia do livro. “A maior parte dos poemas de ‘Antes do vôo’ foram escritos em 2006 durante sua vida universitária, que expandiu sua visão de mundo; ‘Depois do vôo’ foi composto integralmente em Manaus no ano de 2016, após o poeta decidir onde queria fincar suas raízes para construir seu próprio ninho. Convém saber que Ninho não é mais um livro, é o livro de Lucas Ribeiro Prado: são todos os poemas que construíram sua vida.”
Lucas optou por fazer uma “autopoiesis”, ao invés de uma biografia, que considera muito estática. Utilizando suas experiências de vida como inspiração, ele explica como funciona a criação dos poemas: “Normalmente escrevo o esqueleto do poema, registro a ideia central e depois vou relendo e reescrevendo, diversas vezes, até achar que está pronto. Algumas vezes, meus poemas acabam nesse processo de jardinagem de ir aparando e podando, acabam se tornado frases, como é o caso da citação que abre a segunda parte do livro: ‘Quem não é feliz com pouco não será feliz com nada pois felicidade é sobretudo contentamento’. Esta frase originalmente era um poema imenso, e por fim achei que o poema todo cabia neste verso. Gosto muito de conversar, escutar músicas, assistir filmes e ler. Toda a experiência humana me alimenta de inspiração para criar minha poesia”.
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