Luciana Martins: a pintora que transformou a dor em cores
Com uma paixão pela escrita desde a infância, Luciana Martins chegou a vencer concursos de redação e o desejo de escrever um livro era parte fundamental de sua identidade. No entanto, os desafios da vida a levaram por outros caminhos. Em sua trajetória, a arte se tornou a inesperada válvula de mudança, restaurando sua paixão e permitindo-lhe redescobrir a beleza da expressão criativa. A história de Luciana, servidora aposentada do TRT18, é um exemplo inspirador de como a expressão artística pode transformar vidas.
“Sempre sonhei em escrever um livro, mas a vida me levou por caminhos diferentes”, compartilha Luciana. Após se formar em Letras pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), em Anápolis (GO), em 1990 passou no concurso para o Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT18). Em 2001, enquanto trabalhava na Vara de São Luís de Montes Belos, fez um curso de pintura a óleo. Flores e casebres eram os temas centrais das pinturas.
Entretanto, em 2002, a perda da filha Ana Clara, com apenas três dias após nascer prematuramente em decorrência de uma eclampsia, provocou uma reviravolta na vida pessoal e emocional de Luciana.
O casamento não resistiu e a fibromialgia (doença reumatológica que afeta a musculatura e provoca dor) se instalou. As dores a limitavam e a conduziram duas vezes ao centro cirúrgico para operar o ombro e a coluna. Após anos de tratamento, se aposentou do serviço em 2018. “Nesse conflito todo fiquei 20 anos sem pintar”, disse.
No entanto, a arte entrou novamente em cena como a redescoberta de uma paixão e uma válvula de mudança, uma aliada valiosa em sua jornada de superação, após a morte do pai em 2022 e da mãe em julho deste ano. Desta vez, deixou de lado a tinta óleo e se debruçou na acrílica para se expressar por meio da arte abstrata, sem a busca da perfeição que tinha consigo mesma quando pintava arte figurativa. “A pintura tornou-se meu refúgio, onde posso expressar minhas emoções. É a hora em que me extravaso, fico leve, esqueço das dores.”
Após poucos meses de retornar, já obteve alguns reconhecimentos. Além de vender algumas telas, recebeu um convite para participar da revista internacional Arte e Estilo e de uma exposição no Rio de Janeiro. “O convite veio em meio ao luto da minha mãe e não consegui aceitar. Mas deixei claro meu interesse em participar no próximo ano”, afirmou.
Após esse “renascimento”, o antigo desejo de ser escritora ressurgiu também: “Com a pintura, encontrei fôlego para escrever o livro que sempre sonhei. Quero expor tudo o que vivi, mas de uma forma romantizada, escrevendo crônicas sobre esses momentos”, revela. Sua jornada inspiradora é um testemunho do poder da arte em trazer cura e transformação para aqueles que ousam explorar sua criatividade e expressão pessoal.
Luciana Martins compartilhará sua arte na Live Sarau comemorativa ao Dia do Servidor, no dia 27/10, no Instagram da ANAJUSTRA Federal. Acompanhe a partir das 18h (horário de Brasília).
Arte na veia
Natural de Ouro Preto, tradicional cidade mineira reconhecida pela arte barroca, Luciana Martins também compartilha uma veia artística que percorre sua família. Seu avô tocava acordeão. “E ele aprendeu a tocar teclado com mais de 70 anos. Hoje, aos meus 56 anos, me pergunto: por que não seguir esse caminho e me reinventar?”, reflete ela. Esse amor pela música e arte também está se espalhando pela próxima geração.
Para conhecer mais, siga o perfil da Luciana no Instagram.
A filha de Luciana, Eloah, sonha em ser médica, mas também é violinista e uma entusiasta da arte. Além disso, sua neta de sete anos, Ana Laura, já demonstra interesse pela pintura. “Ela fala ‘vovó, vou ser artista como você’ e traz sua própria tela para colorir”, comenta orgulhosa.
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