Renata Wolff: associada lança seu segundo livro
Além de lembranças inesquecíveis, uma viagem pode deixar marcas tangíveis, como uma obra artística. Esse foi o caso da associada Renata Wolff, do TRT4, que após duas viagens para Nova York, escreveu o seu segundo livro.
Na cidade mais famosa do mundo, Renata fez cursos sobre escrita criativa e a vivência da associada dia após dia serviu de fonte de inspiração para produzir “Manhattan Lado B”. A obra reúne 26 poemas produzidos em janeiro de 2017, durante sua primeira viagem e em janeiro de 2019, quando retornou à cidade. “Foi uma escrita realizada de uma forma muito externa, urbana: nas ruas, mesmo. Sentava em qualquer lugar e produzia versos enquanto olhava a cidade”, recorda.
Os poemas abordam, principalmente, histórias e cenas que presenciava enquanto caminhava. “Histórias das pessoas que existem ou existiram, pedaços de narrativas escutadas nas ruas de Nova York, as luzes e as ausências, o fervilhar nem sempre feliz ou justo, mas sempre vivo, daquela urbanidade tão condensada”, explica a servidora.
Todo o processo criativo da associada se resume a esses momentos e ao que observava à sua volta. “Geralmente o lampejo inicial tende a se apresentar como uma imagem, ou, melhor dizendo, uma cena.”
Outro ponto interessante do processo de Renata, no qual ela apelida de “caos criativo” é que a maior parte da narrativa é construída em sua mente e depois passada para o papel. “Quando me sento para de fato escrever, é porque a história (e principalmente suas cenas) vinha cozinhando há tempo na minha cabeça e já a tenho razoavelmente pronta.”
Quanto às atividades no tribunal, Renata busca conciliar da melhor forma. “Diria que vou descobrindo dia a dia, tentando acomodar e atender as duas atividades com a devida dedicação. E digo isso consciente do meu lugar de imenso privilégio, de poder exercer meu cargo público e ainda levar adiante, em paralelo, o ofício criativo”, explica.
Além de Manhattan Lado B, Renata é autora do livro de contos Fim de Festa, que foi finalista do prêmio Jabuti em 2016. A obra, segundo ela, até hoje proporciona muitas alegrias, como vê-la adaptada para o teatro de uma turma da UNESP, em 2017. Atualmente, Renata é doutoranda em escrita criativa na PUCRS e seu próximo projeto é a publicação de um romance.
O lançamento de Manhattan Lado B vai acontecer no próximo dia 3 de novembro, às 19 horas, na Feira do Livro de Porto Alegre. A obra também pode ser adquirida através do site da editora Metamorfose. Caso queira conhecer mais sobre o trabalho de Renata ou enviar uma mensagem, acesse seu perfil no Instagram.
Confira o poema 1929
Quando voou a ticker tape
E a multidão se alvoroçava
Segui de Wall Street à Trinity.
Em piruetas de bailarina
Desci a um metrô deserto.
Ao longe começou o jazz
Que me alcançava a ecos
Até encher o túnel.
Aproximou-se um garçom com bandeja:
Me serviu um dry martini
(Duas azeitonas)
Dizendo voilà madame,
Sorrindo em vão,
E eu respondi: papai, sou eu!
Ele se virou e saiu
E entraram Gatsbys e Daisys,
Seis cachorros de smoking,
A banda de Dolores e Valentinos,
Os anões e a serpentina.
Me perdi no bal masqué.
Gritei por ele até que voltou
Fantasiado de Josephine Baker
E dançamos o foxtrot
Enquanto eu dizia: pai? pai?
Escutei vagões ferozes
Avançarem sobre os trilhos.
A festa se dispersou,
Correram os hipopótamos,
Desapareceu a música,
Mas eu e ele continuamos ali.
Dançamos até a borda da plataforma.
No último instante antes do impacto
Papai me olhou e disse: filha
E saltamos em um perfeito pas de deux
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