Escritor e servidor lança livro de poemas
“Absolutamente caótico e errático”, é assim que o servidor do TRT-GO e representante da ANAJUSTRA, José Donizete Fraga, define o seu processo criativo. Formado em Letras Modernas e especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, ele lança, no dia 10 de março, em Goiânia, seu quinto livro intitulado “Cantos Subterrâneos” com poemas inéditos. Apesar de escrever “nas nesgas de tempo que sobra”, é possível perceber que a rotina de muitos escritores que dedicam um tempo específico para a produção literária não faz tanta diferença para ele.
A fluidez na “escritura”, tanto de contos, romances quanto de poemas, revela a proximidade e o encantamento do professor licenciado em Letras, mas fora da sala de aula, com a língua portuguesa. Fraga se define como “um expatriado do campo que veio para a cidade seguindo a mágica das letras” e conta como a literatura marcou a sua vida, desde a infância. “A literatura apareceu em minha vida através das revistas de fotonovelas, que eu surripiava de amigas das minhas tias. O maravilhoso e mágico mundo da literatura em fotonovelas monocromáticas. Toda criança deveria ter a seu alcance as revistas de fotonovelas.”
Além das fotonovelas, o escritor cita Lev Tolstoi como seu mestre maior quando se fala em referências e cita “outros grandes” como “Miguel de Cervantes, Guimarães Rosa, Shakespeare, Vitor Hugo, Dostoiévski e António Lobo Antunes. Na poesia, Maiakovski, Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Garcia Lorca, Marina Tsviétaieva e Afonso Félix de Sousa”. Fraga também atua em duas Academias de Letras de Goiás, a Aparecidense e a Goianiense, sendo titular nas duas e fundador da cadeira sete na primeira.
As telenovelas revelaram as possibilidades da literatura, mas para se tornar escritor, ele cita o chamamento da música “Disparada”, de Geraldo Vandré e Théo de Barros, e, especialmente o trecho “A morte, o destino, tudo estava fora de lugar. E eu vivo pra consertar. A rigor, acho que a missão do escritor é mostrar que vivemos em um mundo cão; e que um outro mundo é possível”, explica.
Além de “Cantos Subterrâneos”, Fraga já publicou três livros de contos (O Sentinela – 2006; O Livro Negro do Homem – 2004 e Memórias da Diásposa – 2006) e um romance (Decálogo da Ira – 2001) que podem ser adquiridos on-line no site Estante Virtual. Confira abaixo “Quimera”, um dos poemas que compõe o novo livro.
Quimera
Meus acompanhantes nesse trem
dividem-se em tripartes equânimes
parceiros inseparáveis na viagem.
O encantamento dos blasfemos
justapondo a apatia dos contrários.
A parte cabra que há em mim
submete-se dócil ao aço dos cutelos.
Não é fácil o voo franco dos pardais
quando se tem sempre ao calcanhar
a carga densa dos pecados.
Meu eu leão combate e fere
na jornada a quem difere.
Os caninos sempre brancos
e a proposta de sempre estar
a postos com as patas na jugular.
E no preparo meticuloso do bote
não me surpreendo na bífida linguagem.
Já não basta a postura do ataque.
Na defesa, na rodilha, no voleio,
eu crotalus me transvisto na passagem.
Ante o desfile insano dos vencidos
concilio-me à fauna híbrida dos vagões.
“Absolutamente caótico e errático”, é assim que o servidor do TRT-GO e representante da ANAJUSTRA, José Donizete Fraga, define o seu processo criativo. Formado em Letras Modernas e especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, ele lança, no dia 10 de março, em Goiânia, seu quinto livro intitulado “Cantos Subterrâneos” com poemas inéditos. Apesar de escrever “nas nesgas de tempo que sobra”, é possível perceber que a rotina de muitos escritores que dedicam um tempo específico para a produção literária não faz tanta diferença para ele.
A fluidez na “escritura”, tanto de contos, romances quanto de poemas, revela a proximidade e o encantamento do professor licenciado em Letras, mas fora da sala de aula, com a língua portuguesa. Fraga se define como “um expatriado do campo que veio para a cidade seguindo a mágica das letras” e conta como a literatura marcou a sua vida, desde a infância. “A literatura apareceu em minha vida através das revistas de fotonovelas, que eu surripiava de amigas das minhas tias. O maravilhoso e mágico mundo da literatura em fotonovelas monocromáticas. Toda criança deveria ter a seu alcance as revistas de fotonovelas.”
Além das fotonovelas, o escritor cita Lev Tolstoi como seu mestre maior quando se fala em referências e cita “outros grandes” como “Miguel de Cervantes, Guimarães Rosa, Shakespeare, Vitor Hugo, Dostoiévski e António Lobo Antunes. Na poesia, Maiakovski, Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Garcia Lorca, Marina Tsviétaieva e Afonso Félix de Sousa”. Fraga também atua em duas Academias de Letras de Goiás, a Aparecidense e a Goianiense, sendo titular nas duas e fundador da cadeira sete na primeira.
As telenovelas revelaram as possibilidades da literatura, mas para se tornar escritor, ele cita o chamamento da música “Disparada”, de Geraldo Vandré e Théo de Barros, e, especialmente o trecho “A morte, o destino, tudo estava fora de lugar. E eu vivo pra consertar. A rigor, acho que a missão do escritor é mostrar que vivemos em um mundo cão; e que um outro mundo é possível”, explica.
Além de “Cantos Subterrâneos”, Fraga já publicou três livros de contos (O Sentinela – 2006; O Livro Negro do Homem – 2004 e Memórias da Diásposa – 2006) e um romance (Decálogo da Ira – 2001) que podem ser adquiridos on-line no site Estante Virtual. Confira abaixo “Quimera”, um dos poemas que compõe o novo livro.
Quimera
Meus acompanhantes nesse trem
dividem-se em tripartes equânimes
parceiros inseparáveis na viagem.
O encantamento dos blasfemos
justapondo a apatia dos contrários.
A parte cabra que há em mim
submete-se dócil ao aço dos cutelos.
Não é fácil o voo franco dos pardais
quando se tem sempre ao calcanhar
a carga densa dos pecados.
Meu eu leão combate e fere
na jornada a quem difere.
Os caninos sempre brancos
e a proposta de sempre estar
a postos com as patas na jugular.
E no preparo meticuloso do bote
não me surpreendo na bífida linguagem.
Já não basta a postura do ataque.
Na defesa, na rodilha, no voleio,
eu crotalus me transvisto na passagem.
Ante o desfile insano dos vencidos
concilio-me à fauna híbrida dos vagões.
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