Coisas supérfluas que prendem-nos
Richard Zajaczkowski, nascido na Alemanha, veio para o Brasil em 1949. Formado em Direito e Jornalismo, possui uma coluna semanal em um jornal da cidade onde mora, “Jornal de Beltrão”, em São Francisco Beltrão – PR. Zajaczkowski é servidor do TRT 9ª região desde 1986.
Autor da crônica “A Vaidade Humana”, ele também possui em sua bagagem artística a obra “Moral da História”, lançada em Uberlândia- MG, e “A Moral da História continua”, disponível na Internet através do site: www.editorabarauna.com.br.
Com uma linguagem rebuscada e elegante, em “A vaidade humana”, Zajaczkowski relata as coisas supérfluas da vida que muitas vezes prendem-nos.
A Vaidade Humana
Quem de nós, ao menos uma vez na vida, já não caiu preso nas malhas da vaidade, ainda que por momentos fugazes? É difícil negá-lo; a vida moderna impõe o luxo, a ostentação, a aparência, o fausto, a pompa ou a suntuosidade. É delas que promana a vaidade.
Diária e conscientemente nós a praticamos, e isso, em virtude dos desmandos da sociedade que estabelece as regras da moda, mormente quanto ao aspecto da indumentária. Para satisfazer suas próprias ostentações, o ser humano submete-se aos ditames dos caprichos sociais. É ela que alimenta as ilusões da vaidade, na pura ânsia de aparecer, de exibir-se.
A vaidade não atua somente no campo da vestimenta, pois obra também na aparência física, no saber intelectual e no tocante às coisas materiais. Quem já não ouviu falar na obra O retrato de Dorian Gray? Era tão vaidoso que, como mera figura humana pretendeu imortalizar sua beleza física na moldura de um quadro. De autoria do escritor irlandês Oscar Wilde, para quem a arte deve ser julgada apenas por padrões de beleza, e que assuntos como a moral são irrelevantes.
Na intelectualidade o ser humano é vítima da vaidade quando demonstra um saber que não possui; já no que reporta às exterioridades materiais, exibe uma riqueza que não tem. Se, contudo, detém imensa fortuna, então o excesso no luxo ostensivo chega às raias do absurdo. O desejo de brilhar e atrair a atenção de outrens é tão vazio quanto a própria volição que o move; no fundo, acaba sendo alvo de comentários sarcásticos.
A vaidade é uma das filhas do Ego, esse monstro carcomido por mil facetas da personalidade e do caráter humano, qual Hidra de Lerna, impede que a criatura humana escolha seus próprios meios de aprender as lições da vida, no bom sentido, mas quando o faz é quase sempre através do sofrimento ou de amargas experiências.
Os seres humanos que se utilizam da vanglória, numa ficta projeção da mente pensam qual deuses em potencial, que neste Universo repleto de trilhões de estrelas e sistemas solares, existe uma partícula extremamente pequena chamada Terra, que por sua vez está coberta de bilhões de criaturas microscópicas ( in A Descoberta do Terceiro Olho, Vera S. Alder), conhecidas por homo sapiens e que se têm na conta de importantes. A megalomania é estonteantemente ridícula.
Para ilustrar nosso pensamento sobre o tema abordado, reportar-nos-emos a um escrito cuja autoria é desconhecida, mas a quem louvamos sua sábia aplicação:
“Há muitos séculos viveu um homem que era tão inclinado ao luxo como tu. Tinha muitos servos, primorosos trajes e uma esplêndida carruagem – tal qual a de um rei. Seu palácio estava repleto de tesouros e sua preocupação constante era a de sobressair entre os demais. Como o atormentava qualquer significância que não lhe parecesse própria da morada de um grão-senhor.
Que imensa contrariedade o pungia quando em passeio, se surpreendia sem fivela de prata num sapato! Não o relembro, sem melancolia… Era muito parecido contigo! E morreu… e logo enterram-no com toda sua desmedida vaidade. Como se chamava? Não sei… Ninguém mais sabe sobre a terra”.
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