A inspiração de um poeta solitário

Fonte: Anajustra

30/06/2011

Você ainda pode ler 6 conteúdos este mês

Valorize o conteúdo feito especialmente para você, servidor do Poder Judiciário.

Já é associado? Faça seu login e desbloqueie todos os conteúdos do site.

Algumas coisas não podem ser explicadas, como o dom de Mirtes Carneiro de Queiroz, servidora do TRT24. Desde cedo começou a escrever em prosa e seus versos refletem o estado de espírito, o que a inspira a escrever.

“A minha inspiração sempre foi sentimento de tristeza ou de raiva. Quando estava alegre não conseguia escrever uma só linha”, revela a servidora.

Mirtes também produziu vários contos, mas, de acordo com ela, emprestou-os para amigos e não os teve de volta. “Acho que sou uma escritora que recebe inspiração e intuição de algum poeta que foi solitário”, completa.

Confira a poesia “Quem sou eu” de Mirtes Queiroz.
 

“QUEM SOU EU ………”

Quem sou eu ……
Sou uma criança, uma adolescente ou um amulher ? …..
Sou um ser que está no presente, pensa no futuro e revive o passado.
Sou a eterna criança desprotegida e abandonada.
Sou a mulher, às vezes um pouco criança, às vezes adolscente e quem sabe, por alguns momentos, envelhecida.
Sou quem tem fé, ama e crê Naquele que nos criou.
Sou a menina moça que o tempo levou.
Sou aquela que sempre amou a razão de viver.
Sou os sentimentos confusos e não entendidos por ninguém.
Sou a máquina que se move sob a vontade de alguém.
Sou o trilho percorrido por alguém que está fugindo de si.
Sou as estrelas que nunca serão tocadas por alguém.
Sou quem decide buscar seus ideais e recebe a frustação.
Sou o pássaro ferido que perdeu a vontade de voar.
Sou quem sobe no topo da montanha verdejante, olha para baixo e vê que todos estão lá, mas está só, tentando se segurar em alguém para não cair.
Sou quem está numa caverna buscando, através das paredes e de sua história a sua identidade ideológica.
Sou quem veio do espaço, de um mundo longínquo, deixando para trás as suas características originais.
Sou a tristeza, a alegria , a dor, o amor e a esperança de um dia melhor.
Sou a luza do sol entrando pelas frestas de uma janela qualquer.
Sou a lua que clareia as noites dos eternos namorados.
Sou a brisa matinal que bate num rosto cansado, triste ou talvez feliz.
Sou as ondas do mar que levam as energias divinas e misteriosas para as suas profundezas.
Sou a escuridão que penetra nos corações desiludidos e sem esperança.
Sou a força e a fé que auxiliam mentes desenganadas.
Sou aquela que chora quando se vai um grande amor.
Sou quem diz o que pensa, mas não tem a coragem de realizar.
Sou a chuva que leva alguém para perto daquele que desejaria estar.
Sou a música que faz esquecer das desilusões e o faz reviver.
Sou o fogo ardente que aquece algum corpo e coração gelado.
Sou o João-de-Barro que nunca consegue construir seu ninho.
Sou as marcas de passos na areia procurando um destino.
Sou o trovão que explode em algum coração sufocado, gritando por socorro.
Sou o deserto que leva alguém para um lugar nenhum.
Sou a coruja que grita distante e solitária numa noite triste.
Sou a noite escura e fria, onde alguém chora desabafando suas angústias com seu amigo travesseiro.
Sou o vento que sopra nos cabelos de alguém e o faz sonhar.
Sou o cantor que grita o seu “eu” para o mundo ouvir.
Sou a morte que alguém teme e não consegue fugir.
Sou o início, o meio e o fim dessa humanidade feliz ou infeliz.
Sou o relógio que marca as horas do fim de um sonho de alguém.
Sou a água do rio que percorre as caminhadas da ilusão.
Sou o choro que morre na garganta daquele que perdeu a paz.
Sou o resultado das normas e atitudes desse mundo de meu Deus.
Sou aquela que acredita que o grande Universo é maravilhoso, basta saber viver e nos perceber.
Sou o entardecer que encerra as decepções, as angústias e faz surgir a bonança.
Sou o artista que deleita seus sentimentos numa paisagem distante.
Sou a canção dos anjos que leva alguém para a paz celestial.
Sou o medo da saudade e da solidão.
Sou aquela que veleja e flutua quando se tem um grande amor.
Sou a criança, a jovem, a filha, a esposa, a mãe e principalmente, a mulher, que ama e necessita, na essência de sua vida, “aquele alguém”.
Sou, enfim, um pouquinho de tudo isso ………..
Mas ao mesmo tempo, será que realmente sou ? ……..
Afinal, quem sou eu ?! ……………