Participantes de audiência condenam nova previdência de servidores

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Deputados e representantes do funcionalismo foram unânimes em condenar a proposta do governo de regulamentação da previdência complementar de servidores públicos (1992/07) em audiência pública na última terça-feira promovida pelas comissões de Seguridade Social e Família e de Finanças e Tributação.

Para o deputado João Dado (PDT-SP), o “conceito básico por traz da medida é que o Estado não quer honrar o passivo atuarial a que deu causa com suas ações”. O parlamentar garantiu ter “provas documentais” de que os recursos da Previdência foram utilizados em obras como a construção do Senado e da Ponte Rio-Niterói. “Em 1999, somente em São Paulo, o valor do passivo atuarial era de R$ 116 bilhões, e agora o PL põe R$ 50 milhões, é enganação”, sustentou.

Novo regime

Pelo projeto, o governo destina esses R$ 50 milhões para a constituição da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público (Funpresp), a ser criada para recolher as contribuições suplementares. O texto determina que os servidores contratados após a instauração da entidade contribuirão com 11% apenas sobre o teto do Regime Geral de Previdência, hoje em R$ 3.691,74, valor da aposentadoria a que terão direito pelo regime próprio.

Caso queiram receber benefício maior, deverão contribuir para o regime complementar com um porcentual que eles mesmos estipulam. O empregador governamental também será obrigado a pagar, mas o limite de contribuição será de 7,5%. A Funpresp não poderá administrar os recursos, terá de contratar instituições privadas para isso.

Para a vice-presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e Tribunal de Contas da União (Sindilegis), a mudança não resolve o problema do deficit da Previdência, calculado pelo governo em quase R$ 52 bilhões. Conforme sustenta, 43% desse valor devem-se ao pagamento de militares reformados e aposentados da área de segurança do Distrito Federal, categorias que não são atingidos pela nova lei.

Responsabilidade fiscal

Lucieni Pereira acrescenta que, caso o projeto seja aprovado, Judiciário e Legislativo vão descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF – Lei Complementar 101/00). Isso porque, segundo explica, hoje nesses dois poderes mais de 90% dos benefícios previdenciários são pagos pela contribuição dos ativos.

Com a migração de boa parte dos recursos pagos para o setor privado, os poderes terão de complementar os benefícios com orçamento próprio e com isso, garante a dirigente, vão ultrapassar o limite de gastos com pessoal previsto na LRF.

De acordo como o assessor da Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda Ricardo Pena Pinheiro, no entanto, o aumento de gastos para o governo, caso 10% dos servidores atuais migrem para o novo regime, seria de R$ 1,3 bilhão anual. Se 100% migrassem, os gastos suplementares seriam de R$ 8,6 bilhões.

Remuneração

Já para o diretor de Relações Externas do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), José Ricardo da Costa e Silva, no novo regime, o servidor vai receber bem menos que o salário da ativa. “Na melhor das hipóteses, para homens que trabalham mais e vivem menos, os benefícios vão de 25% a 75% do que recebiam”, afirmou.

O secretário de Políticas de Previdência Complementar do Ministério da Previdência, Jaime Mariz de Faria Júnior, contradisse a estimativa. Ele garante que, a partir do momento em que o servidor ultrapassar o período de contribuição mínima obrigatória – 30 anos para mulheres e 35 anos para homens – “o novo regime será sempre mais vantajoso”. O técnico diz que uma mulher que contribuísse por 45 anos e recebesse o atual teto do funcionalismo, de R$ 29 mil, receberia uma aposentadoria de R$ 68 mil.

Crise internacional

O deputado Ivan Valente (Psol-SP) sustentou que o “objetivo real” da mudança na Previdência é servir ao “sistema financeiro internacional”. “O governo precisa responder às demandas do capital internacional, que defende que quem deve pagar pela crise é o trabalhador”, disse.

Mesma opinião expressou o deputado Policarpo (PT-DF). Ele destacou que no Judiciário hoje existem mais de quatro ativos para um aposentado. “Todos sabemos que com a proporção de três para um no sistema paritário é tranquilo garantir a aposentadoria para servidores”, afirmou.

A audiência foi realizada a pedido dos deputados Andréia Zito (PSDB-RJ), Amauri Teixeira (PT-BA), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Eleuses Paiva (PSD-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e João Ananias (PCdoB-CE).

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Após o período eleitoral, o Congresso volta com promessas de avanço em pautas importantes para o funcionalismo público. Em meio às disputas políticas e decisões críticas, temas como a isenção de IR para doenças graves e a reforma da previdência ganham espaço.

”Essa pauta é uma questão de dignidade e respeito aos direitos humanos. Por isso, estamos diretamente atuando na defesa dessa aprovação", destaca assessor parlamentar Roberto Bucar sobre o PL 722/23. 

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