Projeto leva poesia aos corredores do TRT19
O projeto Justiça à Poesia, desenvolvido pelo TRT de Maceió, teve sua 4ª edição dedicada à homenagem ao magistrado e escritor Manoel Hermes de Lima, em razão de sua aposentadoria.
Em tom de despedida, magistrados, diretores e servidores declamaram os versos feitos pelo homenageado, cantaram e levaram os convidados das gargalhas às lágrimas.
O projeto
Oferecer um pouco de leveza, descontração e contato com a arte é a ideia. O resultado é muita poesia, músicas e boas risadas. Os textos são de autores alagoanos e de servidores que componham arte.
A servidora Simone Moura e Mendes conta que a intenção agora é elaborar um livro sobre o projeto, contendo os textos e publicações de servidores e magistrados que queiram divulgar suas artes. “Esse projeto vem crescendo e ganhando cada vez mais o reconhecimento do público, inclusive, já tivemos oportunidade de dar entrevistas em várias rádios de nossa cidade”, revela. Para os textos escritos por ela, o espaço de divulgação é o blog que ganhou da diretora de secretaria, Sandra Magalhães Salgado.
Confira os textos de Manoel Hernes de Lima e de Simone Moura e Mendes clicando no Leia Mais.
DESPEDIDA (Manoel Hermes de Lima)
Eu quis ser, vim, cheguei
Procurei fazer na lei justiça
Fui Feliz, não pequei
Imagino no meu pensar livre
Vi em rostos, risos soltos
De felicidade e a paz do ser
Oprimido sentir o encanto e
No olhar fazia-se transbordante
II
Em cada semblante, antes triste
Noto o depois a alegria
E em mim, vejo mais que neles
Aprazer-me tanto e tanto
E todos, num instante
Parecem tranquilos, cantantes
Com a música ouvida
Repetida, percebida
Por tudo visto, sim
Lhes fazia acreditar
E afirmar: é a justiça
Ela existe
III
Sem cansaço ainda, me dispensa
A lei e da atividade estou indo
Saudoso, no coração vou
Com lembranças vivas, afáveis
Da convivência, marca d’um sonho
Dantesco realizado que findou
No amor que dei inteiro
Devotado, sem tristeza e dor
N’alma voltada ao bem comum
Do jurisdicionado público
Empregado e empregador
Que vai e vem em suma, povo
Que na Justiça busca a igualdade
Sua dignidade e seu valor.
AMNIÓTICO LÍQUIDO CHAMADO MÃE (Sandra M Salgado)
Amniótico fluido que já me envolveu
a tentar me proteger de externos choques
Amniótico líquido que já me amparou
na medida exata do que precisei
Etéreo líquido que me conduziu à vida
a minha ótica me mostra tua verdadeira natureza
não és fluido nem líquido
És esse ser chamado MÃE
Sem mais fluidos
envolve-me em tuas noites de vigília em oração
MÂE etérea e terrestre
deixa-me ser frágil se precisar
deste-me a demonstração de tua fortaleza
e dela não descuidarei
deixa-me ser, vou crescendo na dor
deixe-se ser mais liberta de teus cordões
jamais me perderei de ti.
TUA VIDA, TUA SAGA (Simone Moura e Mendes)
Tão tenro, empunhaste a espada
E movido pela brandura
Focastes dilacerar todas as agruras
Que a vida te quisesse impor
De armadura vestiste
E foste romper as fronteiras dos sonhos
Pular as fogueiras do medo
E no desânimo não descansaste
Não tiveste caprichos
Criaste em ti a perene necessidade
De se consagrar um vencedor
E erguer um troféu em cada linha de chegada
Não por acaso, teu nome é Manoel
Um homem maiúsculo,
Uma poesia que rima com laurel
Um escultor de glórias, um menestrel.
Não por acaso HERMES
Forte, um pedestal de pedras
Firme, vertical,
Limitado pelo céu
Hermeneuta, cultor das letras,
Romancista, professor, doutrinador,
Jurista, magistral julgador,
Hermético, refratário a qualquer dissabor
Foste alfaiate, carpinteiro até
Uma lenda, um emblema,
Um monstro de sensibilidade
Que do mimetismo sabe a arte
Tua laboriosa vida, tua saga,
Teu lema, cada cruzada,
Cada sacada, enfim…
Não cabem neste poema.
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