Entre os servidores do Poder Judiciário Federal, são mais de 25 mil inativos ganhando em média 19.019,15. Foto: ANAJUSTRA Federal

Aposentadoria: calvário ou prazer?, por José Carlos Dorte

Consultor financeiro dá dicas para não chegar à inatividade sem recursos.

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Segundo a Secretaria da Previdência Social, o Brasil tem hoje pouco mais de 19 milhões de aposentados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Atualmente, o brasileiro se aposenta, em média, aos 58 anos. Entre os servidores do Poder Judiciário Federal, são mais de 25 mil inativos, considerando dados dos portais da transparência dos órgãos regionais federais, trabalhistas e eleitorais e dos tribunais superiores.

Mesmo com as últimas reformas e seus muitos cortes de direitos, diz-se que o sistema previdenciário brasileiro ainda padece de reestruturação para não ir à falência. Diante disso, fazer um planejamento da aposentadoria é, para o servidor, tão importante quanto ter a tão sonhada estabilidade.

Um levantamento feito pelo Ministério da Economia na época da tramitação da última reforma da previdência mostrou que os proventos médios dos servidores aposentados do Judiciário eram de R$ 19.019,15. À primeira vista, esta parece uma boa quantia, mas daqui a cinco ou dez anos ela será irrisória.

O quadro abaixo apresenta o ciclo financeiro da maioria das pessoas.

Gráfico mostra comportamento da maioria das pessoas com relação ao dinheiro. - ANAJUSTRA Federal Gráfico mostra comportamento da maioria das pessoas com relação ao dinheiro. - ANAJUSTRA Federal

Este é um gráfico comum à maioria das pessoas, todavia, podemos considerar que há variações, dependendo das oportunidades que aparecem e das decisões que você toma, ora racionais, ora emocionais e algumas espirituais.

Este gráfico não deve ser tomado como um karma. Caso você já tenha passado por muitas das etapas mostradas nele, não se condene ao calvário. Muito pelo contrário, reveja seu planejamento, corrija rotas para chegar no fim da jornada com as melhores condições de vida.

Para iniciar seus investimentos e economizar pensando na aposentadoria é sempre bom começar com a velha e boa previdência privada, que pode ter tributação regressiva ou progressiva. A primeira é a mais indicada para quem pretende manter o plano por muito tempo. Ela começa em 35% de tributação, caso haja algum saque antes de dois anos, e vai reduzindo até chegar a 10% quando o dinheiro fica guardado por mais de 10 anos. Mas há desvantagens que devem ser consideradas:

5 Desvantagens do investimento em previdência privada

* Taxas. Independente do plano escolhido, saiba que ele terá uma taxa de administração que varia de acordo com o seu emissor (banco).

* Tributação. Observe qual é a aplicada no plano escolhido.

* Composição. (Carteira composta por títulos, CDB, por exemplo.)

* Riscos. Pela natureza, não deve ser exposta a riscos iminentes. É importante ter uma carteira moderada ou conservadora. Afinal não se admite perdas pelo objeto do investimento.

* Período de carência. Existe um período que o contratante precisa aguardar, antes de poder resgatar o seu investimento ou fazer a portabilidade.

Já entre as principais vantagens da modalidade estão os benefícios fiscais. Com esse investimento é possível pagar menos imposto de renda. Existem dois tipos de plano: Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) e Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL).

O VGBL pode ser contratado por qualquer pessoa e tem todas as vantagens da previdência. O consenso entre os especialistas é que o investimento em previdência privada deve ser feito logo no início da carreira ou pelo menos oito anos para valer a pena. O ideal é chegar a dez. Por isso, se você tem entre 55 e 57 anos e quer se aposentar aos 65, ainda está em tempo.

Passada a fase da previdência privada, o servidor deve se preocupar na construção e preservação do seu patrimônio. Fazer bons seguros do patrimônio é uma boa maneira de proteger aquilo que será a sua tranquilidade no futuro.

Ter um bom plano de saúde significa ter um anjo da guarda. A ausência dele desestabiliza a reserva financeira em emergências, comprometendo severamente o futuro. Outro fator é a educação aos filhos para que eles atinjam a maioridade e sobrevivam sem apoio dos pais. Da mesma forma com os netos, que costumam consumir boa parte do patrimônio dos avós com mimos e mil e uma necessidades.

E lembre-se sempre: a oferta fácil de crédito e a estabilidade no emprego não devem te levar a um consumismo excessivo, que derreterá toda possibilidade de você viver uma aposentadoria tranquila.

José Carlos Dorte
Consultor financeiro da ANAJUSTRA Federal