Ela, servidora da JT, e ele, militar da reserva, abordam temas delicados em livros que foram escritos com o incentivo um do outro.
Muitos casais adotam hobbies comuns. Alguns viajam, outros praticam esportes, fazem voluntariado ou se dedicam a alguma arte. É o caso de Janete de Azambuja Correa e Iraci de Oliveira.
Ela, servidora do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, há 24 anos, já publicou três livros. Ele, militar da reserva, seguindo os passos da parceira, agora tem em seu currículo a obra literária “A Lei do Amor e o Sobrevivente do Suicídio”, lançada em agosto deste ano.
Segundo o autor, o livro é fruto de pesquisas, reflexões e experiências próprias que o levaram a refletir e escrever sobre a valorização da vida.
Ela conta que tem mais quatros livros para publicar, dois em análise pela Editora Fergs, da Federação Espírita do Rio Grande do Sul. "Um juvenil já aprovado e um adulto em apreciação. Além disso, tenho mais um livro pronto e outro em processo de escrita, todos psicografados e voltados à educação dos sentimentos e análise das emoções."
A servidora também é autora do título infantil "Presentes do Coração", escrito em conjunto com as suas filhas gêmeas adotivas.
Sonho antigo
Embora tenha publicado o primeiro livro somente agora, Iraci revela que escreve há muito tempo e que, desde sempre, ele e a esposa dividiam esse sonho.
"Anos atrás, na segunda metade dos anos noventa, eu havia escrito uma autobiografia em que relatava experiências como sobrevivente do suicídios vivenciados em família, acabei não publicando e os originais se perderam. A Janete me relatou que desde jovem aspirava escrever um livro, possuía algumas anotações que me mostrou, ocasião em que a incentivei a seguir em frente. De fato, foi ela que publicou primeiro suas obras, mas isso não importa."
Sobre a rotina de um casal escritor, ele destaca: "Conversamos e dialogamos naturalmente a respeito dos assuntos do dia a dia, possibilitando reflexões em conjunto e o enriquecimento do entendimento das situações da vida, facilitando o crescimento mútuo."
Em entrevista especial para esta edição da revista "Em pauta", ele lembra como o tema "suicídio" entrou na sua vida e domina sua arte e conta como é ser parceiro de Janete. Ela também foi entrevistada e compartilhou com a gente a expectativa de ter novos títulos editados!
Vamos conferir?
ANAJUSTRA Federal - Iraci, seu livro tem um lançamento mais recente. Como começa sua história com a escrita? Esta é a sua primeira obra literária?
Iraci de Oliveira - Sim, é a primeira. A história da escrita do livro se iniciou em 2013, com o início dos estudos sobre o assunto que se intensificou no período de 2017 a 2021 com a conclusão da escrita e envio dos originais da obra para a editora e a publicação em agosto de 2022.
AF - Por que falar sobre o suicídio?
IO - Porque ao longo da história, o assunto foi considerado tabú, as pessoas não falavam sobre ele, especialmente os sobreviventes, cuja tendência era de guardarem os sofrimentos para si, dificultando o processamento e o entendimento do assunto, para superação, a prevenção de doenças psicossomáticas e, para o fortalecimento da capacidade de resiliência e do sentido da vida e sua importância para o indivíduo como ser singular que, para sua família e a sociedade onde se acha inserido. Indivíduos sadios são a base de uma sociedade sadia e feliz.
AF - Qual a sua relação com a temática?
IO - Sobre a temática em si, tenho vivências de situações de suicídio em família, desde criança. Experiências pessoais de casos presenciados e experiências de situações de suicido de conhecimento público, seja em relatos históricos ou de jornais e periódicos. Realização de estudos, pesquisas e palestras espíritas com o propósito de proporcionar esclarecimento, consolo e prevenção do suicídio ou ideação suicida. O estudo do assunto sob e entendimento da doutrina espírita que é uma doutrina filosófico-religiosa que busca proporcionar o autoconhecimento e reforma íntimas das pessoas, fortalecendo nelas a capacidade de falar e tratar de assuntos tão delicados como o suicídio de uma maneira séria e fraterna sem condenação ou sensacionalismo.
No processo de construção de uma obra tratando sobre o suicídio [...] é importante partilhar experiências com pessoa próxima
AF - Janete, em agosto de 2021 você compartilhou conosco “Compaixão, A Sementeira do Amor”, seu terceiro livro. Como tem sido a repercussão?
Janete Azambuja Correa - O livro tem tido grande aceitação, principalmente porque foi publicado quando nos encaminhávamos para voltar ao convívio presencial após longo período de isolamento. Percebe-se que as pessoas estão muito abaladas após a pandemia, com inúmeros problemas emocionais, o que afeta a convivência, razão pela qual o livro tem sido de grande valia para acalmar os corações e levar as pessoas a refletirem sobre a importância das relações.
AF - Está trabalhando em alguma nova produção?
JAC - Tenho dois livros em análise pela Editora Fergs, um juvenil já aprovado e um adulto em apreciação. Além disso, tenho mais um livro pronto e outro em processo de escrita, todos psicografados e voltados à educação dos sentimentos e análise das emoções.
AF - Quais suas impressões da obra do Iraci?
JAC - O livro de Iraci traz um assunto que, infelizmente, abala grande parte da população. Diariamente milhares pessoas cometem suicídio e outras tantas têm ideação. Após a pandemia, o número de suicídios aumentou. O livro tem tido grande aceitação e a primeira tiragem já está esgotada.