Eu, servidor Foto: ANAJUSTRA Federal

Eu servidor

Eu, Ricardo Oliveira da Silva, servidor da JT

Uma vida de obstáculos e superações. É assim que o oficial de justiça do TRT13 define sua história.

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Conhecidos como “pernas legis” ou “pernas da lei”, os oficiais de justiça garantem que citações, penhoras, arrestos e demais diligências sejam cumpridas. A maior parte deste trabalho é feito nas ruas e, por isso, eles estão sujeitos a todo tipo de situação, das mais inusitadas as mais perigosas.

Uma das que mais marcaram a história do servidor Ricardo Oliveira da Silva, que é oficial de justiça do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 13ª Região, na Paraíba, tem a ver com sua deficiência física, causada pela síndrome da Talidomida. Ao abordar a parte, ele ouviu que sua condição era resultado dos pecados dos pais dele ou de alguém da família.

"Apenas sorri e disse que Deus não pune ninguém, e que Ele tinha um plano na minha vida e da minha família. Que o amor dos meus pais e familiares foram suficientes para me tornar um testemunho de Deus aqui. O fato de ser um deficiente físico, não me torna melhor ou pior do que ninguém. Com meus 61 anos sempre fiz tudo que quis na vida. Limites todos nós temos", relata Silva.

Com essa altivez, ele realizou grandes feitos em sua vida profissional, sendo premiado duas vez como funcionário padrão do TRT13, integrando a Comissão de Acessibilidade e o Comitê do PJe do Regional; e fazendo parte do Grupo Nacional de Negócios do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Nas fotos, Ricardo aparece recebendo o prêmio Juiz Aluisio Rodrigues, como funcionário padrão do TRT da Paraíba, e no pódio de uma das edições das Olimpíadas da Justiça do Trabalho. - ANAJUSTRA Federal Nas fotos, Ricardo aparece recebendo o prêmio Juiz Aluisio Rodrigues, como funcionário padrão do TRT da Paraíba, e no pódio de uma das edições das Olimpíadas da Justiça do Trabalho. - ANAJUSTRA Federal
"O GNN é o grupo responsável pela criação, implantação e melhorias das tarefas do PJe. Lá sou um dos oficiais de justiça responsáveis por analisar e testar as melhorias a serem implantadas no módulo destinado aos oficiais de justiça", conta com orgulho.

Ricardo ainda atua como representante da categoria em entidades de classe como a Assofaj-PB e a Fenassojaf. Além disso, no campo pessoal, ele é casado, pai de dois filhos e também é atleta, tendo representado o TRT13 nas Olimpíadas da Justiça do Trabalho.

Antes de se tornar servidor, ele exerceu a advocacia por 20 anos em Ilhéus, na Bahia. "Resolvi entrar para o serviço público e fiz concurso para o TRT24, TRT20 e TRT13. Fui aprovado em todos eles, mas tomei posse no TRT13, em fevereiro de 2007", lembra ele ao dizer que sua vida é baseada em obstáculos e superações.

"O que mais acho interessante em minha história, é que fui impedido de me inscrever para o mesmo cargo no TRF4, por ser deficiente físico (...) E dentro do TRT13 só recebi apoio, confiança e carinho de todos com quem já trabalhei, não sendo minha deficiência qualquer obstáculo para o exercício de meu trabalho. O TRT13 é um exemplo de um Tribunal que respeita as diferenças das pessoas", afirma.



Para exercer bem as funções de oficial de justiça, ele diz ser necessário "conhecimento jurídico, tranquilidade e uma comunicação simples com os destinatários. Estar sempre disposto a ouvi-los, ajuda muito para o cumprimento das diligências".

Aliás, segundo ele, a grande lição desses 15 anos de serviço público é que servir é uma atribuição inerente à atividade. "Estamos ali para servir, a sociedade precisa de nós. Temos a obrigação de trabalhar para que as partes consigam um resultado em seus processos trabalhistas. Temos obrigação de sermos produtivos, estarmos sempre alegres para a atender as pessoas que nos procuram."

Síndrome da Talidomida

Criado na Alemanha em 1954, o remédio Talidomida tinha o objetivo de aliviar ansiedade e enjoo. A droga começou a ser vendida no Brasil quatro anos depois e se tornou amplamente conhecida. Em 1960, no entanto, se descobriu que o medicamento causava encurtamento dos membros ligados ao tronco de fetos. Cerca de 1.500 casos foram registrados no país, segundo a Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida.