Jamille Ipiranga: escritora, poeta e servidora

Em paralelo às funções administrativas, a associada se dedica a um blog e assuntos do dia a dia.

16/09/2021 16:14
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A escrita e o processo criativo de Jamille Ipiranga, servidora do TRT7, sempre esteve relacionada à emoção e tudo que a toca a sua volta acaba se transformando em uma produção. Seja em uma pequena crônica, poesia, ou um texto de reflexão, os acontecimentos são documentados em forma de poesia ou pensamentos em seu blog, criado em 2019. “Os textos vêm pela inspiração de algum fato que ocorra e que me motive a escrever, ou um sentimento forte que eu precise expressar através das palavras escritas”.

Formada em Direito, especializada em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, Jamille também é jornalista e ocupa o cargo de analista judiciário. “Temos vários dons que podem se complementar. A escrita vem com um olhar de análise e observação da realidade ao redor, inclusive a realidade da própria justiça”, explica.

As habilidades da servidora com a escrita nasceram em casa, com o exemplo e incentivo de sua mãe, professora e amante dos livros. Já na escola, a biblioteca era um dos seus lugares preferidos. “Apreciava bastante andar pelas prateleiras identificando qual nova história me debruçaria”, lembra.

Na adolescência, a escrita tomou um novo formato, relacionada com as incompreensões do mundo, e agora, na fase adulta, Jamille se concentra em contar boas histórias, ou abordar a condição humana sob uma nova perspectiva. “Nossas ações, inclusive a escrita, constroem e reconstroem a realidade ao nosso redor.”

Quanto às referências literárias, a associada não tem um autor preferido, pois gosta de ler sobre tudo. “Gosto de me deleitar com o novo, o inusitado, podendo ser de um autor renomado ou não.”

Para conhecer as crônicas de Jamille, ou enviar uma mensagem para a associada, acesse o seu blog ou perfil nas redes sociais Facebook e Instagram.

Conheça alguns textos da autora

Para além de Amor, Respeito

Amar sem olhar a quem
Encontrar sua outra metade
Por vezes gera um desdém
Um misto de ódio e maldade

O amor pode ter jeito diferente
Cor, idade, sexo, não importa
Mas existe gente imprudente
Que simplesmente não se toca

Se o amor é entre homem e mulher
Ou são pessoas do mesmo sexo
Ninguém tem que meter a colher
Se entre os dois existe bom nexo

Cada um cuide da sua vida
E deixe o amor se espalhar
Vivendo a sua própria lida
Não precisa se incomodar

Porque o que vale é ser feliz
Ter respeito, amor e lealdade
A escolha, você é quem diz
O que vale a pena de verdade!

Olha Isabel!

À noitinha, vi uma criança de 5 anos na rua. Um menino negro, pobre, só de calção. Ele gritava para a irmã que ia à frente.

- Olha Isabel! Ele tentava com muito custo subir num skate. Queria mostrar o que sabia (ou não) fazer com o skate. E insistia:
- Olha Isabel, olha Isabel. Ela não olhava. Nem diminuía o passo. Não se importava. Estava preocupada com suas próprias questões.

Queria ter podido imaginar um bom futuro para aquele menino, mas as estatísticas não permitiram.
Pisquei os olhos e ao reabri-los vi o menino dando lugar a um jovem que não teve oportunidade de estudo, nem de trabalho, com uma arma na mão.
Ah, dessa vez, nós e Isabel olharíamos pra ele. Não seria mais invisível para ninguém.
Enxerguemos os meninos de rua hoje para não vê-los de armas amanhã.
Olha Isabel!

BBB de Deus

Refletindo sobre o Big Brother Brasil me deparei com o BBB de Deus. Às vezes penso que a gente está num reality show e Deus está nos olhando. Então eu penso: será que estamos agradando a Nosso Senhor? Quanto tempo mais Ele permitirá que fiquemos na Casa Comum?

Será que minhas atitudes vão me salvar do paredão do inferno? E nas provas da vida, eu ganho ou perco a misericórdia de Cristo? Faço tudo ao meu alcance para que outras pessoas vençam comigo ou sou implacável e quero o pódio da vitória só pra mim?

Se eu tivesse um anjo para dar, protegeria a pessoa correta? Melhor: eu tenho realmente sido anjo de alguém? Da minha família? Amigos? Desconhecidos? Ou estou fazendo as alianças com as pessoas erradas? Priorizando as coisas terrenas em detrimento das eternas?

Se eu fosse monitorada 24h pelo Espírito Santo, o que seria selecionado para ser exibido em rede divina? Minhas lamúrias e lamentações? Minha maledicência da vida alheia? Onde está o foco da minha vida? No bem ou no mal?

Sendo líder e tendo abundância de bens, como vou agir? Reconheço os talentos de outras pessoas? Distribuo com quem não tem? Incluo ou excluo? Até onde vai verdadeiramente a minha fé? Pago o preço e vou até o final para ser uma pessoa do bem? Ou tenho me limitado em cancelar quem eu não aprovo?

Se eu for selecionada para ir para o quarto secreto ou um fazer um isolamento social, vou aproveitar para repensar minhas atitudes? Ou vou retornar para o jogo da vida sem fazer mudança nenhuma? Ou pior ainda, voltar mais implacável e com vontade de me vingar das pessoas? Vou aproveitar melhor o tempo ou continuar numa corrida frenética e dispersa?

Nossa vida acaba sendo um eterno Big Brother, onde seremos avaliados pelas nossas ações. Nosso dia a dia vai definir se caminharemos para uma estrada aparentemente mais difícil, cuidando de si e dos outros ou se optaremos em viver na xepa das emoções egoístas. O que vale mais: ser ou vencer?

Cuidemos, portanto, desse grande reality show que é a nossa própria vida porque não será um público qualquer que irá fazer a escolha do certo ou errado. O julgamento será superior ao humano e usará critérios como amor, solidariedade e compaixão para avaliar se ganharemos o prêmio final. Cuidemos para subir o pódio certo do grande show da vida, que virá inevitavelmente após a morte. Se cuida, brother!

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