"A Páscoa é uma história de salvação"

Servidor do TST fala sobre o verdadeiro significado desta data tão importante.

31/03/2021 10:30
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O associado Daniel Ramos Côrtes, do TST, tem uma antiga história com a escrita e mais precisamente com a Bíblia, que segundo ele, “além de conter uma grande variedade de temas significativos e gêneros literários, tem uma linguagem atraente, sadia, bela e edificante”.

O interesse do servidor pela escrita o incentivou a cursar Letras e duas pós-graduações na área de produção de texto. E a sua devoção pela religião deu vida ao livro “A Mensagem - o que Deus quer que todos saibam'', já na sua 3ª edição.

Outra obra na qual o associado tem se dedicado é na produção do livro “A Razão da fé - a lógica de Deus em Cristo'', que aborda o poder que a fé tem. “Ao contrário do entendimento geral, a fé é muito mais racional, lógica e útil do que se imagina, sendo inclusive superior à qualquer outro meio para obtenção de conhecimento e de sabedoria para edificação e transformação da vida humana”, explica.

Por meio da Revista Ultimato, onde é colaborador, Daniel divulga suas produções. “Me sinto revigorado e alegre sempre que termino um texto e o publico”, ressalta. Confira a coluna do associado. 

Páscoa muito além do chocolate

Por se tratar de uma data repleta de significados, que vão muito além de ovos de chocolate, a Páscoa também tem representações muito mais profundas para Daniel. “A Páscoa é a mais importante celebração da cristandade, pois representa o perdão dos pecados em Jesus.”

A data também representa o renascimento e o recomeço e, de acordo com a Bíblia, diz Daniel, muito antes mesmo de Jesus. “É uma data específica de salvação dentro da história maior e geral da salvação da humanidade”, conta o associado, que contribuiu com o Espaço Cultural contando a origem dessa data que é uma das mais importantes.

Confira o texto “A Páscoa e o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, de Daniel Ramos Côrtes

A Páscoa é a história da salvação de um povo específico de uma escravidão específica. Esta se insere dentro da história geral da salvação da humanidade do pecado, pois todo homem é pecador. Há muitos paralelos entre ambas, os quais foram cuidadosamente planejados por Deus para que a salvação fosse profunda e facilmente entendida e acatada por todos.

A instituição da Páscoa, diretamente por Deus a seu profeta Moisés, está descrita no segundo livro da Bíblia, no Êxodo, que relata a libertação do Egito e a jornada até a terra prometida. Nela, não há nenhum relato ou alusão a coelhos e muito menos a ovos de chocolate. Aliás, o chocolate só tomou a forma atual muitos anos depois que os astecas permitiram aos espanhóis provarem de sua adorada bebida energética e presenteada por seus deuses para que fossem energizados para a guerra.

Fazia 400 anos que o povo hebreu era escravo no Egito. E gemendo e sofrendo as duras penas da escravidão, lembraram-se de Deus e, então, clamaram ao Senhor que, ouvindo esse gemido, lembrou-se de sua aliança com Abraão, Isaque e Israel, atentando-se para a dura servidão do povo. Então chamou Moisés, seu servo, e o enviou com a missão de libertar seu povo. Moisés conhecia o poderio do Egito. Fora criado pela filha de Faraó e crescera na corte. Por isso, teve medo e relutou com Deus, reafirmando-se incapaz. Como um homem com um cajado e com sua palavra, libertaria um povo da escravidão, base para o sustento da maior potência econômica e tecnológica e bélica de então?

Mas Moisés relutou e tanto lutou que Deus se irou e lhe disse “Quem fez a boca e o mudo, o cego e os que veem? Eu serei com a tua boca e te ensinarei as palavras que deves falar, tu e teu irmão. Toma pois o teu cajado na mão e vai, torna para o Egito. E Moisés foi levando consigo a vara de Deus.

E Deus foi com Moisés e Arão seu irmão. Ambos foram a Faraó e lhe falaram como boca de Deus: Israel é meu filho, meu primogênito. Digo-te. Pois: Deixa ir meu filho para que me sirva. Mas Faraó não ouviu.

Não só não ouviu, como endureceu seu coração contra Deus e tanto mais Moisés e Arão repetiam por Deus: Liberta meu povo, tanto mais Faraó se endurecia e resistia. E assim foi com a segunda advertência e primeira praga, anunciada pela boca e executada ao tocar do cajado nas águas: todas as águas e fontes de água do Egito se tornaram em sangue e ninguém, nem gente nem animais, as podia beber por 7 dias.

Cessada essa praga, Faraó e seus oficiais resistiam mais. Sucedeu então a segunda praga, anunciada pela boca dos profetas, pois pronunciada a sentença e levantada a vara de Deus, as casas, as ruas, as cidades e a terra se encheu rãs. Então Fararó pediu a Moisés que suplicasse alívio a Deus e, assim, feito as rãs retornaram ao rio e o coração do rei-deus, mais empedernido ficou. Veio a terceira praga: falada pela boca e Arão com sua mão e vara, atirando o pó da terra ao ar, encheu-se o Egito de piolhos e homens e animais ficaram contaminados. Então os magos disseram: É dedo de Deus. Mas nem isso ajudou, Faraó mais endurecido ficou. Então sucederam a quarta e a quinta pragas e advertências: moscas encheram toda a terra do Egito e a peste dizimou os rebanhos dos egípcios. Mas nada fazia a corte ouvir a voz de Deus: Deixa ir meu povo para que me sirva. Vieram então o sexto, o sétimo e o oitavo juízo de Deus contra a dureza do coração. Respectivamente, houve tumores nos homens e nos animais que se arrebentavam em úlceras; houve chuva de pedras, e fogo misturado com a chuva de pedras, tão grave que feriu todo homem e animal que estavam a céu aberto, bem como destruiu árvores e plantações; todo Egito se encheu de gafanhotos que devorou o pouco que havia sobrado. Nessa altura, os oficiais do divino rei egípcio disseram-lhe: Acaso não sabes ainda que o Egito está arruinado? Deixa sair os homens. Mas Deus mandou libertar todo o povo e não somente os homens. Então veio a nona praga e o sol não brilhou por 3 dias e houve trevas espessas que se podiam apalpar. E nunca mais Faraó e seus oficiais viram o rosto de Moisés. Finalmente a décima e ultima praga : todo filho primogênito de animais e de homens que restaram morreram. E para evitar que os filhos do hebreus também perecessem foi instituída a Páscoa.

A Páscoa foi instruída a Moisés, facultada a todos, hebreus, egípcios e estrangeiros e consistia no seguinte:

1- toda família deveria tomar um cordeiro de um ano, macho e sem defeito;
2- por quatro dias, o cordeiro deveria ser guardado; criado com cuidado;
3- no crepúsculo da tarde do quarto dia, toda família o imolaria e à noite comeriam todo o cordeiro assado no fogo; (seria o primeiro churrasco?)
4- antes de cair a noite, tomem o sangue do cordeiro e pintem os portais de sua casa;
5- durante a noite comerão todo o cordeiro com pães sem fermento e ervas amargas. Se sobrar alguma coisa do cordeiro, queimem no fogo. Não lhe quebrem nenhum osso;
6- assim o comereis: prontos para a viagem de libertação, para rumar à terra prometida: lombos cingidos, sandálias nos pés, cajado na mão;
7- quando o meu anjo vir o sangue nos umbrais da porta, não entrará nessa casa, passará por cima. Mas, nas casas que não encontrar o sangue do cordeiro, entrará e todo primogênito perecerá;
8- e, uma vez dentro na terra que o Senhor vos dará, como tem dito, observai este rito. Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas.

E naquela noite, assim se fez. E cada família egípcia que não celebrara a Páscoa, amanheceu enlutada e a dor e o pavor tomou conta da terra. Por isso, os egípcios suplicaram aos hebreus que fossem embora o mais rápido possível. E para expulsá-los mais depressa, deram-lhes ouro, joias, roupas finas e tesouros. E Israel, liderado por Moisés, partiu para a terra prometida: terra que mana leite e mel.

Páscoa em hebraico “pesach”, literalmente quer dizer passagem e significa o livramento que ocorreu quando o anjo do juízo, vendo o sangue do cordeiro, passou por cima e não executou a sentença de morte que pesa contra o pecado.

Então comparando Êxodo capítulo 12 aos evangelhos de Jesus, podemos vislumbrar a instituição da Páscoa com toda a sua simbologia.

Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele é sem defeito, puro, sem pecado. Sair do Egito representa libertação da escravidão do pecado. Ter o cordeiro por quatro dias em casa representa o pouco tempo no qual Jesus exerceu seu amoroso e contagiante ministério na terra. Passar o sangue do cordeiro na porta significa concordar com sacrifício de Jesus e aceitá-lo. (Na casa cuja porta não estivesse marcada com o sangue do cordeiro, o primogênito morreria.) A escravidão no Egito não é outra senão a escravidão ao pecado, a qual todo homem está sujeito, até que clame a Deus e se humilhe perante ele. O Egito representa esse mundo que, estimulando o pecado, gera escravidão e morte. A terra prometida é o céu, lugar para onde nos guiará o Cordeiro de Deus, sendo Moisés um tipo seu. As nove primeiras pragas são juízos parciais de Deus que nos chamam ao arrependimento ante do dia do Senhor. A morte do primogênito nos alerta para o Juízo Final que é certo e breve vem. O comer apressadamente e em prontidão para a viagem fala da brevidade da existência, da vida humana, da urgência da aceitação do regaste de Jesus e da confiança de que Deus nos levará ao céu. O comer com ervas amargas e não comer pão levedado apontam para o arrependimento e abandono do pecado. Não foi por mera coincidência que Jesus foi crucificado na sexta-feira, dia de preparação para a Páscoa, por volta das nove horas da manhã, hora do sacrifício matinal, e morreu às três horas da tarde, hora do sacrifício da tarde, ressuscitando bem cedo, no domingo de Páscoa cristã. Nenhum de seus ossos foi quebrado, mesmo quando quebraram as pernas dos demais crucificados.

A Páscoa é uma mensagem de libertação da escravidão do Egito, inscrita dentro da mensagem maior: a salvação do mundo por Jesus Cristo. E o Espírito Santo conta e reconta a mensagem da salvação muitas vezes e de muitas maneiras.

Por isso, durante a última Páscoa que Jesus comeu com seus discípulos, aquela na qual lavou os pés dos discípulos e o traidor foi indicado, logo depois do Domingo de Ramos, Jesus Cristo disse:

Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento. Pois vos digo que nunca mais a comerei, até que a Páscoa se cumpra no reino de Deus. E, enquanto comiam, tomou Jesus um pão e, abençoando-o, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou Jesus um cálice e, tendo dado graças, o deu aos seus discípulos; e todos beberam dele. Então, lhes disse: Bebei dele todos porque isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados. E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai (consolidado de Lc 22:16-20; Mc 15:22-25 e Mt 26:26-29).

Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede. Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. quem de mim se alimenta por mim viverá. (Apanhado de João capítulo 6).

Portanto mais que ovos de pascoa de chocolate, bebida energética que os astecas bebiam antes da guerra, dizendo ser presente dos deuses para a vitória, a Páscoa é a história da salvação da humanidade que teve seu prenúncio na miraculosa libertação dos hebreus da escravidão no Egito, mas cumpriu-se em Jesus Cristo que, morto na cruz, derramou seu sangue para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Portanto, trata-se da maior festa cristã que comemora a vitória sobre o mais poderoso inimigo: A morte acarretada pelo pecado.

Morte onde está, ó morte, a tua vitória? Jesus ressuscitou. Jesus venceu as trevas. Venceu o mal. Venceu a morte. Onde está, ó morte a vitória?

Fonte: Livia Lino, da assessoria.

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